sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre...Motivação

Motivação! A motivação de colaboradores é algo que está sempre presente nas mentes dos administradores, gestores e team-leaders de qualquer empresa. E assim deve ser pois, não deverá haver dúvida alguma que a motivação dos colaboradores é de extrema importância para o bom desempenho de uma organização.

Na verdade, colaboradores desmotivados podem, se não deitar por terra, certamente podem fazer perigar qualquer brilhante estratégia de qualquer empresa. Não é possível atingir excelentes perfomances com uma equipa de colaboradores que não se encontrem motivados e sintonizados para e com os objectivos delineados. Estudos recentes indicam que a motivação no ambiente de trabalho pode ser responsável por até um terço da rendibilidade de uma organização. Não é, portanto, tema para considerar com ligeireza e merece a nossa melhor atenção.

Assim, as questões que se põem são:

Como identificar colaboradores desmotivados?
Como conseguir motivá-los?
Como mantê-los motivados?

Um colaborador desmotivado é, habitualmente, identificável com facilidade. Façamos, no entanto, o exercício pela positiva, identificando os comportamentos usuais de um colaborador motivado e construindo um check-list para verificação de todos os que apresentam comportamento diverso.

Um colaborador motivado é, caracteristicamente, um colaborador interessado, interventivo, inquisitivo, inconformado, que sugere soluções, que propõe melhorias, que procura o diálogo. Um colaborador motivado apresenta, maioritariamente, uma grande disposição para colaborar em qualquer tarefa que necessite de ser realizada, uma grande vontade de integrar novas competências, apresenta uma disposição positiva, não desdenha a responsabilidade e não receia a tomada de decisão. Um colaborador motivado também cuida da sua aparência pessoal e acrescenta valor a um ambiente positivo.

Um colaborador desmotivado é, tipicamente, o oposto do anterior.

Identificámos colaboradores desmotivados, e agora? Que fazemos?

Reflictamos um pouco nesta questão; o que conduz à desmotivação? Encontrar as razões para a desmotivação conduz à chave do que fazer para a combater. A desmotivação pode ser causada por uma série de factores, uns respeitantes à sua vida na empresa, outros que poderão ser do foro pessoal. Quanto a estes, pouco mais haverá a fazer que procurar que o colaborador os partilhe e, caso esteja nas nossas mãos contribuir para uma solução, ajudá-lo no que for possível. Quanto às anteriores, aquelas que decorrem da vida na empresa, a essas devemos procurá-las até à exaustão, porque pretendemos colaboradores felizes e porque colaboradores satisfeitos são um contributo importante para o bom desempenho da empresa.

Atentemos, então, em algumas razões que podem provocar desmotivação. Desde logo a remuneração, e esta não é uma questão fácil. Claro que seria, num cenário utópico, simples pagar muito a todos os colaboradores mas, como todos sabemos, gerir uma empresa significa gerir custos e não é possível incrementar a folha salarial apenas porque temos de satisfazer os nossos colaboradores. Assim, o único rumo certo é aquele que avalia o colaborador enquanto profissional que desempenha um determinado papel na organização e que tem um determinado valor. Se esse valor é justamente equivalente à sua remuneração ou, se simplesmente, a estrutura de custos da empresa não permite qualquer revisão em alta, temos de procurar outras formas de motivar o colaborador.

Em muitos casos, o motivo para a desmotivação está no sentimento de monotonia que o colaborador interioriza e que decorre de desempenhar as mesmas funções há muito tempo. Muitas empresas têm promovido, e com significativo sucesso, a mobilidade interna que permite ao seus colaboradores renovar expectativas, aprender novas matérias, integrar novas competências e sentirem-se valorizados. Outras questões que, por vezes, preocupam os colaboradores prendem-se com o seu espaço de trabalho ou com os meios que têm à sua disposição e que podem influenciar, directa ou indirectamente, a sua perfomance. Questões como estas ou outras que, não raras vezes, se prendem com pequenos (grandes para quem os sente) detalhes, podem ser despistados em inquéritos internos que oferecem a possibilidade de os colaboradores, preferencialmente de forma anónima, expressarem as suas preocupações ou partilharem a sua ansiedade. E, claro, uma boa e franca conversa privada também pode desbloquear a maioria das situações.

Há, no entanto, outras questões, para além das acima mencionadas, questões que, habitualmente, se consideram como dizendo respeito apenas à administração e direcção mas que, no entanto, não deixam de povoar a mente dos colaboradores que, por falta de informação, deduzem cenários irrealistas, pessimistas ou optimistas, mas que, em todo o caso, não se enquadram na realidade e que provocam insegurança, desconfiança e outros sentimentos que podem conduzir à desmotivação.

Assim, envolver os colaboradores na vida da empresa, partilhar relatórios financeiros que retratem a realidade da organização, optar por uma política de transparência em que cada colaborador possa aferir do seu papel na estrutura, da sua importância na prossecução de objectivos corporativos, da forma como o seu bom desempenho pode melhorar o desempenho da empresa. No fundo, transmitir a mensagem que a empresa também é dos seus colaboradores e que o esforço de todos contribuirá para o desenvolvimento da organização o que, por sua vez, resultará no benefício de todos. Esta política de transparência é, tipicamente, acompanhada de outras acções com stock-options ou profit-sharing, no entanto, não sendo este um cenário possível na maioria das empresas não devemos assumir que apenas se motivam colaboradores oferecendo maior remuneração e não devemos duvidar que o sentimento de partilha do colaborador é um forte meio de motivação.

Igualmente importante é a questão da autonomia e do poder decisório. Poucas coisas serão tão desmoralizadoras como um colaborador com um job description pleno de autonomia e que se vê suplantado ou desautorizado hierarquicamente. Mas, para além da situação anterior, outros colaboradores há que, efectivamente, tem pouco ou nenhum poder decisório, o que pode ser castrador para uma mente criativa e que sente que o seu discernimento é válido. Não pretendemos com isto defender a anarquia na tomada de decisão, nem tão pouco implementar a total autonomia, apenas chamar a atenção para a importância de uma hierarquia bem definida, em que todos, desde a administração ao mais humilde colaborador, sejam conhecedores das suas tarefas e que, no âmbito do seu desempenho, sejam responsáveis, autónomos e capazes de decidir, sendo que sempre que um erro de julgamento ocorrer se deve adoptar uma atitude pedagógica, procurando que o colaborador em causa aprenda com o erro e evitando a dura repreensão.

Concluindo, este é um tema que oferece ampla discussão e a sua generalização será sempre de difícil aplicação, de forma que procurámos apontar algumas questões mais transversais e que possam encontrar eco em boa parte das organizações. Procurámos, igualmente, apontar algumas ideias e soluções para o tratamento da desmotivação. Apesar de tudo isto, não deixa de ser verdade que cada caso é um caso, pelo que o que podemos afirmar, com toda a certeza, é que a ponderação é de extrema importância em temas que envolvem as sensibilidades pessoais, as ambições de cada um e a necessidade de realização profissional.

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